Talvez um dos animes mais famosos no mundo, Dragon Ball, além de um desenho japonês é um ícone para muitos. Provavelmente o segundo responsável pelo “Boom” de animes e mangás em terras tupiniquins, sendo considerado na época como “substituto” de “Os Cavaleiros do Zodíaco” (Saint Seiya no original), isso em meados de 1995, na série original ainda no SBT.
Porém, o fenômeno só aconteceu mesmo alguns anos mais tarde, no Cartoon Network, canal de TV à Cabo que foi referência em animes por um período por aqui. Todos sabem que é muito difícil a cultura do Desenho animado em telas de cinemas, foi complexo até mesmo para animações em três dimensões conseguir o espaço que detém hoje em dia. Para quem não sabe, Dragon Ball Z, no início do seu “auge” (se podemos dizer assim), já teve um longa-metragem exibido em rede nacional de cinemas (e eu estava lá, na oportunidade ainda morava em Curitiba).
Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses foi lançado dia 30 de Março nos cinemas do Japão, quase sete meses depois o filme chega ao Brasil, no dia 11 de Outubro. Vale ressaltar que (como é comum nesse meio), versões em qualidade de blu-ray com legendas independentes em português, estavam disponíveis na internet mesmo antes do filme chegar ao Brasil. Mas como todo fenômeno, Dragon Ball Z é inexplicável.
A nova história de Goku e companhia chegou ao Brasil, de certa forma, através de uma pressão dos fãs em movimentos diversos. E não parou por aí, todos queriam o elenco de vozes original, pois o anime marcou época e se tornou uma entidade extremamente carismática para seus fãs no Brasil e acredito que em todo mundo. Desde seu anúncio de estreia no Brasil, feito pela Diamond Films, tratamos de levantar cinemas e cidades que iriam exibir o filme e chegamos a bons números, veja em:
- Lista de Cinemas que irão exibir Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses
- Infográfico sobre a estreia de Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses nos cinemas do Brasil
Outros dados interessantes, foram das sessões pelo Brasil a fora, pelas minhas contas deram 209 e no Adoro Cinema contabilizavam 255. Outro item interessante foi que na lista original postada no facebook da Diamond, a lista de cidades não batia com a levantada pela Tokyo 3, fato esse não respondido diretamente, mas sim posteriormente em uma nova postagem com distinção de locais em cada cidade (acabei por não conferir).
255 sessões de Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses nos cinemas do Brasil foram contabilizadas no site Adoro Cinema no final de semana de estreia.
Voltando a falar do filme, o texto a seguir contém spoilers e as fotos na galeria abaixo também, portanto se não se importa, continue! Caso contrário, veja o filme e depois volte para dar continuidade a leitura.
Sinopse de Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses
No decorrer do tempo, após o lançamento no Japão e a divulgação da chegada no Brasil, existiu uma expetativa enorme do filme, pelos menos pra mim. Acredito que o anime acabou marcando tanto uma geração, que a lacuna sem novidades (vamos deixar de fora Dragon Ball GT e Dragon Ball Evolution) sobre a história e seus personagens, acabam trazendo um sentimento nostálgico junto com a expectativa de relembrar os velhos momentos dos fins de tarde no “CN” (eu sei, que você que é fã, sabe do que eu estou falando).
Confesso que vi o filme antes, original em japonês, com legendas. Sou meio fanático e sempre gostei do material original dos animes em geral (com a dublagem nipônica). E o que tenho a dizer é... que o filme é realmente muito bom!
O fato de não existir tamanha ação como houve em outros especiais ou mesmo na série “Z”, a responsável pela tamanha popularidade do desenho, não é motivo para críticas. Os 85 (oitenta e cinco) minutos da animação resgatam a essência original da obra de Akira Toriyama, comédia, amizade, aventura e é claro, ação! Como um fã (sei que está meio repetitivo), optei por não publicar o texto antes e assistir nos cinemas, uma pelo carinho que tenho pela obra e outra para apreciar o trabalho feito pelo Brasil. E ao assistir pela segunda vez, acabei percebendo outros itens, que me fizeram curtir ainda mais essa nova história.
Bills, o Deus da destruição
A história apresenta um novo “vilão” (vocês entenderão as aspas mais para frente), Bills, o Deus da Destruição. Um personagem imediatamente engraçado com um formato de gato roxo (mas que eu acho suas orelhas de coelho, ah eu acho!). Bills é acompanhado de Wiss, que aparenta ser seu assistente mas que no fim se revela como seu mestre e mentor.
Um personagem novo dentro da linha do tempo da série, que chega trazendo lembranças fazendo uma ponte com novos espectadores do anime. Citações de Freeza, Rei Vegeta e o próprio planeta Vegeta acontecem logo no começo.
O gato dorminhoco que passa gerações e gerações tirando uma “pestana”, acorda de tempos em tempos para levar desespero aos demais deuses já conhecidos. Após seu despertar, vai logo atrás daquele que foi responsável por derrotar Freeza (a épica batalha de Dragon Ball Z). Goku se mostra bastante respeitoso mas animado em conhecer os poderes de um Deus, apesar de deter o poder de se transformar em “Super Saiyajin” nosso herói não é páreo e acaba sendo derrotado com apenas dois golpes.
O aniversário de Bulma
Certamente o evento central da trama, o aniversário de 38 anos de Bulma, a principal coadjuvante no começo das aventuras de Goku. É dentro de sua festa que acabamos tendo novas pontes, como a aparição de Pilaf, Mai e Shu (primeiros vilões em Dragon Ball) que relembraram as aventuras iniciais e também de muitos personagens centrais que vão de Kuririn até Videl.
Você pode notar cenas com toda tecnologia da Corporação Capsula, rever o Rei Cutelo (pai da Chichi) e o Mr. Satan (Pai da Videl) e existe até mesmo uma aparição rápida de um dos marcantes Dinossauros presentes nas histórias do anime (vide início de Dragon Ball Z, no treinamento de Gohan). É possível recordar todo o mundo ao redor dos personagens, com cenas no meio da metrópole onde fica a sede da empresa de Bulma e uma das citações mais épicas (na minha humilde opinião) é o surgimento da Nave da “Capsule Corp”, nos mesmos moldes daquela que levou Gohan, Kuririn e Bulma e posteriormente Goku a Namekusei.
Não poderia faltar a aparição do saudoso Shenlong, Deus dragão das esferas douradas que concede um desejo a quem reuni-las e invocar sua presença. É ele que surge e revela como é possível conseguir a transformação, no citado por Bills, “Deus Super Saiyajin”.
O Deus Super Saiyajin
Contrariando a sequência que conhecemos dos níveis Super Saiyajin, Goku acaba por não se elevar ao quarto estágio (Dragon Ball GT), mas sim a uma lendária transformação com nível de divindade. Para os espectadores mais assíduos pelos poderes de luta, batalhas esmagadoras e transformações ultra musculosas, chega a ser de fato decepcionante a aparência do Deus Super Saiyajin. Nada que impeça as cenas de luta que mesclaram a tradicional animação em duas dimensões com pequenas sequências mesclando CGI.
A luta tem uma duração pequena, se formos comparar a lógica do anime, mas em se tratando de um filme com todas essas características até então mencionadas, é um tempo muito bom. Goku novamente se supera, e acaba incorporando a si mesmo parte dos poderes de um Deus. É aqui que Bills se revela não ser um oponente maligno (pelo menos no meu entendimento), explicando sobre os 12 universos e que é responsável pelo sétimo (dando a entender que podem surgir novas histórias), por fim acaba poupando o Planeta Terra.
Ao final, vemos novamente uma turma irreverente, com destaque para a ação de Vegeta ao enfrentar Bills após Bulma ter levado um tapa no rosto desferido pelo Deus da Destruição. As mulheres (mas podemos considerar a família e amizade em geral), sempre foram o ponto fraco e também o forte dos guerreiros Saiyajins.
Conclusão
Depois de tudo, acredito que o longa-metragem tenha sido concebido como uma forma de agradar, ou até mesmo de contemplar uma nostalgia dos fãs, depois da história questionável do filme produzido em Hollywood. Recomendo a todos os fãs do anime a curtirem essa história e apreciar o carismático trabalho de dublagem brasileira.
Algumas pequenas ressalvas porém, suponho que nem todas as vozes foram possíveis de serem mantidas, tive a impressão de algumas terem mudado, vou acabar não citando pois ainda é apenas uma impressão. Um segundo detalhe foi a abertura com termos em espanhol, deixou a desejar, haja visto todo o empenho em dublagem e cartaz com logotipo traduzido, chegar na sala escura e se deparar com “Una obra original de Akira Toriyama” na abertura e em seguida “La batalla de los dioses” no logotipo é bastante chato. Nada que tire os merítos do trabalho, mas não espero isso em um DVD ou Blu-ray nacional mais para frente.