Recentemente soube de Saint Seya Omega, como conheço bastante gente fã do antigo Cavaleiros do Zodíaco, meu primeiro contato com essa nova saga foi no Facebook. Fulano estava magro demais, o outro "gay" demais, e assim por diante, as reclamações eram principalmente do traço, com os personagens mais longelíneos e com aparência super jovem. Até aí nenhuma novidade, visto o traço usado no remake de Thundercats, também lançado mais ou menos recentemente, já sabemos que essa é a tendência do que a mídia acha que a nova geração vai gostar.
Para minha surpresa além do Omega havia uma outra proposta dentro do mesmo tema, o Lost Canvas, também passando-se no universo do antigo Cavaleiros do Zodíaco, porém antes de toda a história do Seiya que conhecemos.
Então no fim das contas não me vi com só uma nova tentativa de reviver a história e sim duas!
Omega se passa alguns anos depois do que acontece na Saga de Hades, a história começa bem, os novos cavaleiros são introduzidos, e já no começo descobrimos o que aconteceu com vários personagens antigos preferidos como Shiryu e Shun. Quando Kouga, o novo Cavaleiro que veste a armadura de pégaso, chega em Palaestra - que é um misto de centro de treinamento e high school - novos elementos são acrescentados na dinâmica, todos com segundas intenções de capturar audiência, e o exemplo mais "curioso" disso tudo é o cavaleiro que também é ninja, é...
Saint Seiya Omega tem um bom enredo, bom, não excelente, usa muitos clichês do anime e não desenvolve personalidades marcantes e convincentes, se o público alvo são as crianças japonesas da atualidade digo que pode ser que tenham atingido o alvo, mas para agradar os velhos fãs de Cavaleiros, já adultos e - possivelmente - com um longo histórico de animes, deveriam ter tentado um pouco mais.
Na segunda temporada estamos conhecendo os cavaleiros de Ouro, que até agora estão sendo uma decepção no quesito desenvolvimento de personagens, uma audiência inteligente espera que se o personagem é mau, ele é mau por algum motivo, até então Omega está brincando com a nossa capacidade de entender e apreciar uma história bem contada.
Onde todos - ou quase - os animes populares da atualidade falham (flashbacks desnecessários, sentimentalismo gratuito, etc…) Omega também falha, já Lost Canvas sai ganhando, o enredo é adulto e bem amarrado, visualmente é um deleite, e, onde o Omega é infantilizante, Lost Canvas é artístico. O público alvo é, definitivamente, mais adulto. Os personagens são bem desenvolvidos e suas reações são convincentes. Cada cavaleiro de ouro, de bronze, ou vilão tem motivação inteligente para suas ações. O universo da história também é ampliado e muitas das coisas que acontecem no Cavaleiros do Zodíaco clássico são explicadas aqui.
Como quase todo anime Lost Canvas também apela para alguns clichês emocionais do universo anime/mangá "vou proteger aqueles que amo" (quantas vezes vão repetir essa frase?) porém a trama e a animação são boas demais pra serem afetadas por isso. Meu veredito é óbvio, assisti Lost Canvas porque é criativo, bonito, e porque foi um ar fresco em um universo que eu já gostava. Há pouco vi na internet que Lost Canvas foi cancelado, não quis acreditar mas imediatamente entendi o motivo, é muito bom e em nenhum momento se comprometeu pra conseguir audiência, essa postura firme garantiu a excelência deste anime, que é arte, e arte nem sempre vende. Assisti, e vou continuar assistindo Omega pelo fator nostalgia apenas, por curiosidade, e…quem sabe…otimismo?
Texto: Bianca Davanzo
Edição: Thiago Gaspar Pereira